O álcool é uma substância que pode trazer grandes malefícios a vários órgãos do nosso corpo, principalmente ao fígado, pâncreas, coração e cérebro. Nos EUA, os gastos do sistema de saúde e as perdas de produtividades devido a doenças relacionadas ao álcool ultrapassam os 180 bilhões de dólares por ano.
Seja no espumante, no vinho ou na cerveja, o álcool é presença confirmada nas festividades de fim de ano. Para a maioria das pessoas, não há problemas no consumo moderado de bebidas alcoólicas – há, inclusive, estudos que associam a ingestão de uma taça diária de vinho tinto com benefícios para o coração. Mas quanto é uma quantidade moderada?
A Organização Mundial da Saúde recomenda que o consumo diário não ultrapasse 30g de álcool. Para se ter uma ideia, uma lata ou copo de chope (330 ml) tem de 10g a 12g de álcool, da mesma forma que uma taça de 100 ml de vinho ou uma dose (30 ml) de destilados. O consumo exagerado de álcool pode trazer prejuízos à saúde que vão além dos desconfortos da ressaca. Fique por dentro de alguns:
CÂNCER:
O consumo frequente e exagerado de bebidas alcoólicas é um grande fator de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer – especialmente nas regiões que entram em contato direto com o álcool, como a boca, faringe, laringe e esôfago (mas também põe em risco os órgãos envolvidos no processamento da substância, como o fígado, pâncreas e o aparelho colorretal). Dentro do organismo, o álcool danifica tecidos (podendo causar mutações no DNA das células), desperta efeito de outros produtos químicos prejudiciais (potencializando, por exemplo, a ação da nicotina nas células), desregula a atividade hormonal (especialmente do estrogênio, facilitando câncer de mama) e ainda diminui os níveis do ácido fólico.
DIABETES:
A constante e excessiva ingestão de álcool vai desencadeando, pouco a pouco, uma inflamação no pâncreas: órgão encarregado da produção de insulina (hormônio de importante função no metabolismo dos carboidratos no sangue). A inflamação do pâncreas gera um quadro chamado de pancreatite, que destrói gradativamente o tecido pancreático até debilitar todas as funções do órgão – em determinado estágio de evolução da doença, ocorre o impedimento da produção de insulina. Uma quantidade insuficiente de insulina no corpo dá início ao diabetes.
COMPLICAÇÕES GASTROINTESTINAIS:
A mucosa do aparelho gastrointestinal é a mais afetada, tendo o álcool como uma das principais causas de gastrites. O fígado, responsável pela metabolização das bebidas, também é bastante prejudicado diante do uso crônico do álcool – é comum a ocorrência de inflamações, hemorragias e, nos casos mais graves, o desenvolvimento de hepatite alcoólica e até cirrose (patologia originada de sucessivas lesões no tecido do fígado, que fazem o órgão entrar em processo de falência completa). Além disso, o álcool também é um dos responsáveis pelo surgimento de úlceras e varizes nos tecidos do esôfago, boca e lábios.
PREJUÍZO CEREBRAL:
O álcool prejudica o funcionamento de uma série de funções cerebrais importantes para o raciocínio lógico do dia a dia: pode haver déficit da capacidade de memória, comprometimento funcional dos neurônios, interrompimento da neurogênese (criação e amadurecimento de novos neurônios) e, ainda, iniciar a neurodegeneração da região do córtex pré-frontal – região cerebral relacionada à maioria de nossos comportamentos conscientes, emoções e capacidade de cognição.
DOENÇAS VASCULARES:
Outra consequência do excesso de bebidas alcoólicas no organismo está no aumento de triglicérides (gordura) no sangue, da mesma forma como fazem os doces e alimentos gordurosos. A elevação de tais índices está relacionada com o aumento do risco de doenças cardiovasculares – a incidência de acidentes vasculares cerebrais, infarto de miocárdio e varizes é muito maior em pessoas que abusam no consumo do álcool.
COMPLICAÇÕES RENAIS:
São os rins os responsáveis pela filtração final do etanol consumido – filtram o sangue, reabsorvem nutrientes benéficos ao organismo e eliminam na urina tudo o que é prejudicial ao corpo (entre estas substâncias tóxicas, está o álcool). Mas quando grandes quantidades de bebida alcoólica entram no organismo, a concentração de etanol afeta a capacidade dos rins de filtrar as substâncias presentes no corpo e impede que o processo de purificação seja realizado integralmente. Além disso, também facilita o quadro de hipertensão, por alterar a regulação dos hormônios encarregados pelo controle da pressão arterial.
DESREGULAÇÃO HORMONAL:
Os hormônios também são afetados pelo consumo não moderado de bebidas alcoólicas – os riscos são acentuados em indivíduos que já possuem quadros de alteração hormonal, como diabéticos. Pessoas com distúrbios prévios tendem a evoluir rapidamente para um estado de coma alcoólico, fazendo com que mesmo o consumo consciente seja arriscado. No caso do diabetes, por exemplo, o etanol danifica a capacidade de metabolização da glicose pelo fígado e pelo pâncreas – mas, no organismo dos diabéticos, o pâncreas já tem sua função debilitada. Logo, os efeitos e danos das bebidas alcoólicas aparecem de forma mais rápida e acentuada.